Xangô decide sobre o bem e o mal, possui a capacidade de inspirar a aceitação inconteste de suas decisões, tanto pelo seu poder repressivo como pela sua retidão e honestidade quase que inquebrantáveis.
Miticamente, o raio é uma de suas armas, que ele envia como castigo, nunca impensado ou arrebatado, mas após um processo onde todos os prós e contras foram pesados. Toda essa imagem faz com que Xangô seja associado, na natureza, à firmeza da rocha; duro e estável.
A popularidade de Xangô é tão grande que, em algumas regiões como Pernambuco, seu nome é utilizado para a designação de todo um culto.
Toda a gravidade e firmeza atribuídas a Xangô não o afastam das características humanizadoras que possuem outros orixás. Xangô teria como seu “ponto fraco” a sensualidade e o prazer. É apontado como uma figura vaidosa em muitas lendas e cantigas, tendo três esposas: Iansã, Oxum e Obá.
Uma lenda conta que Xangô era freguês do ferreiro Ogum. Ia frequentemente à sua casa, muito arrumado, lançando olhares sobre Iansã, que finalmente abandonou a casa de Ogum para ficar com seu conquistador.
Mais tarde ele ficou fascinado pela beleza de Oxum e passou a persegui-la incessantemente. Algumas estórias contam que Xangô só não a violentou porque Exu o impediu. Outras versões dizem que Xangô, cavalheirescamente, se postou aos pés de Oxum, em prova do respeito que lhe despertava. Ainda existem versões que responsabilizam a Oxum por ter dominado a situação, ao impor a Xangô que dormisse a seus pés, evitando com sua determinação, a violência.
Qualquer das versões apresentadas atesta o caráter arrebatador de Xangô no amor, oposto à sua postura mais sólida nas demais questões.